O programa BROTA: Juventude, Educação e Cultura, coordenado pelas professoras Nádia Laguárdia de Lima (Psicologia/ UFMG), Cristiane de Freitas Cunha (Medicina/UFMG) e Samira Ávila (CRJ) é resultado da parceria entre a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Universidade Estadual de Minas Gerais, o Instituto Undió, a Secretaria Municipal de Educação, e o Centro de Referência da Juventude, situado na região Centro-Sul de Belo Horizonte.

O objetivo principal do programa é o desenvolvimento de metodologias de intervenção que visem fortalecer o laço dos adolescentes com o saber, a cultura e a escola. Ele busca identificar os fatores de evasão escolar, bem como os que propiciam um fortalecimento do vínculo educativo.
Pode a Universidade contribuir, de fato, para a construção de um mundo melhor? Um mundo mais justo, mais igualitário, menos marcado por dinâmicas de exclusão e opressão? Uma vida mais feliz? Ao longo da história dessa instituição e da ciência, essas sempre foram preocupações presentes. Contudo, as formas de se responder a tais questões têm sido muito distintas.
A extensão universitária tem colaborado com a construção de algumas dessas respostas. Recusando a ideia de que ciência e sociedade são dimensões separadas - ideia que se fez predominante e segue orientando algumas perspectivas dentro da universidade - a extensão aponta para uma dimensão ética de nossas práticas acadêmicas. Afinal, para que produzimos conhecimento? Essa pergunta é de grande relevância e não poderia ser diferente em um país como o Brasil, em uma região como a América Latina tão marcados por processos coloniais, de exclusão e subalternização, de violência e violação de direitos.
Dinâmicas sociais estas que marcam os processos de constituição dos sujeitos contribuindo para um empobrecimento da vida social aguçando o sofrimento humano. As questões que marcam a juventude, sobretudo a juventude das classes populares e negra em nosso país, são muito complexas e não podem ser compreendidas nem transformadas de forma isolada ou reduzidas aos olhares das disciplinas acadêmicas. É necessário produzir práticas que não permitam que a universidade se feche em si mesma e repita o modelo que ambiciona explicar tudo sobre os outros e se relaciona com setores da sociedade em uma via de mão única, reproduzindo a lógica de “levar” o conhecimento, as soluções e esclarecimentos àqueles que supostamente não os tem.


O Brota – Juventude, Educação e Cultura, programa de extensão da Universidade Federal de Minas Gerais, é um belo exemplo de que é possível conectar universidade e sociedade reconhecendo a diversidade de saberes e experiências sem hierarquizá-las a priori. A experiência de toda a equipe do Brota se dá por meio de uma grande rede de articulações. Todo o trabalho realizado ocorreu em estreita parceria com equipamentos das políticas públicas de educação, cultura e juventude na cidade de Belo Horizonte, envolveu gestores, professores e estudantes de escolas municipais, articulou campos do conhecimento, combinou linguagens diversas. Além disso, a equipe do Brota atuou ativamente na Rede Juventude UFMG, iniciativa da Pró-reitoria de Extensão, construindo com outros programas e projetos uma agenda compartilhada sobre juventude.
A experiência do Brota é inspiradora e nos convoca a sairmos das caixinhas disciplinares e conectarmos saberes, incluindo os saberes dos sujeitos parceiros, como é bem exemplificado nesta obra. O Brota reafirma o convite da extensão universitária que tem no diálogo e na interação o seu ponto de partida.
Fica evidente, mais uma vez, que não cabe à universidade prescrever formas de vida para os jovens, as escolas, as políticas públicas e sim compartilhar saberes e dialogar com os sujeitos a partir de suas experiências. Desse encontro de saberes surge o novo, a mudança e o horizonte se amplia: experiências que brotam e transformam!
